Histórias d' avó Inha

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A galinha «Tintim»


Na altura em que se passa esta história eu devia ter uns seis anos.
Na nossa casa havia um galinheiro com algumas galinhas e um galo.
Uma das galinhas pôs os seus ovos e chocou-os sempre com muito cuidado, pois as galinhas são muito boas mães.
Passaram alguns dias e os pintainhos nasceram, todos amarelinhos, pareciam uns novelinhos de lã e, logo logo, saíram do ninho atrás da mãe galinha e foram para o jardim esgravatar e procurar minhocas para comer.
Numa noite a nossa Mãe, a Gigi, esqueceu-se de levar a galinha para o galinheiro. A galinha dormiu no jardim com os seus pintainhos.
Por azar, naquela noite apareceu no jardim um cão muito grande. Soltou-se do seu quintal e veio para o nosso jardim. Além de estragar os canteiros com flores, matou a galinha e os pintainhos.
De manhã cedinho, a Gigi veio ao jardim ver que barulho tinha sido aquele durante a noite. Deu com um monte de penas e nada de galinha e nada de pintainhos. Viu logo o que tinha acontecido. O maroto do cão matou a galinha e os pintainhos. Ficou muito triste com o acontecido, mas, de repente começa a ouvir um piu, piu, piu.
- Oh, que se passa? comentou a Gigi.
Debaixo de uma folha estava escondido um dos pintainhos. Como ficou muito quietinho debaixo da folha, o cão não deu por ele.
A Gigi pegou nele, levou-o para a cozinha e deu-lhe de comer. Eu e a minha irmã Mizé arranjámos uma caixinha onde o colocámos e o nome «Tintim» foi o nome mais giro que arranjámos. À noite pedimos à Gigi para que o pintainho ficasse na cozinha a dormir.
Entretanto o Tintim cresceu e virou uma linda galinha. Apesar de ser uma galinha e não um galo, para nós ficou sempre o Tintim. As penas eram vermelhinhas e tinha uma crista toda aprumada e muito berrante.
Já não podia ficar na cozinha a dormir. Ia para o galinheiro. Todas as manhãs quando a Gigi abria a porta da cozinha, lá aparecia o Tintim para vir comer.
Mas sabem o que acontecia? Mal entrava em casa o Tintim em vez de ir comer, corria para os nossos quartos, voava para cima das nossas camas, bicava as nossas orelhas até que acordássemos. Claro que era uma brincadeira pegada.
Nós fingíamos que estávamos a dormir para o Tintim nos bicar.
Bicadinhas de meiguice, pois não nos magoava. Mal pressentia que já estávamos acordados ia para a outra cama e assim acordava-nos a todos.
Era uma risota pegada e o Tintim percebia isso.